O Diagnóstico - Sobre Atendimentos Psiquiátricos e Psicoterapia

O trabalho conjunto entre a Psiquiatria e a Psicologia é tão comum que esse assunto precisará ser dividido em duas partes. Seria mais fácil se pudéssemos, quando estamos diante de outro indivíduo que sofre, enquadrá-lo e defini-lo de modo a tornar um possível tratamento mais fácil - um determinado diagnóstico é dado, o paciente é medicado e os sintomas, simplesmente, desapareceriam. Para muitas das enfermidades médicas, isso pode ser até possível. Mas quando se trata dos diagnósticos psiquiátricos, essa relação não é tão direta assim.
Sabemos que muitas das condições médicas psiquiátricas podem ser idênticas entre dois indivíduos, porém, os modos como estas afetam os modos de sentir, sofrer e estar no mundo, se dão de forma singular e muitas vezes estão ligadas às funções psicológicas como resiliência, redes de apoio, crenças, visões sobre si mesmo e sobre o mundo, dentre outras. Negligenciar essa singularidade é o que gera algumas críticas às classificações psiquiátricas que podem promover uma redução da subjetividade a um mero diagnóstico, sem o compromisso de explicar e diferenciar aquilo que está oculto e manifesto em cada indivíduo, para além dos sinais e sintomas manifestados pela enfermidade.
É importante frisar que o diagnóstico traz sim benefícios para indicar o tratamento e construir um plano de cuidado, para delinear o prognóstico e dar um retorno “rápido” ao paciente quando este já peregrinou em busca de uma nomeação para o que sente, surtindo, assim, um “efeito libertador” para o sujeito. Nesse sentido, a psiquiatria não pode explicar como cada patologia afetará um indivíduo e como esta decorrerá a partir de então, mas essa classificação diagnóstica tem sua importância para se delinear a condução do caso e as possibilidades de tratamento.
No próximo post vamos falar mais um pouco da importância da psicoterapia nesse trabalho em conjunto com a psiquiatria.